quinta-feira, agosto 06, 2009

NO PALCO DA RUA...

Francisco Cruz nasceu na Póvoa de Varzim em 1972, e é professor de Matemática e Ciências. Com Mara Roque forma a dupla Circus Clown. Com o espectáculo “Me Myself & MyLove”, ganhou o Prémio Especial do Público, na 2ª edição do Festival de Animação de Rua da Póvoa de Varzim. Destaque para a presença no Teatro Cómico da Maio e Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira. Para saber mais:
http://www.geocities.com/xikocruz/


Circus Clown

A Voz da Póvoa – Como é que obtém o equilíbrio entre o ensino e o espectáculo?
Francisco Cruz – Com alguma dose de humor. Tento criar uma harmonia entre o professor e o meu lado Clown. Não escondo nada dos meus alunos, um princípio que equilibra tudo o resto. Eles sabem que há duas vertentes na minha vida, o ensino e as artes do espectáculo, no caso, mais ligado à comédia, ao circo e ao palhaço. Por isso as coisas vão fluindo normalmente.

A.V.P. – Como nasceu a parceria com Mara que deu origem ao Circus Clown?
F.C. – Depois de explorar várias linguagens no mundo do teatro, descobri a arte que mais se identifica comigo: o palhaço e o Clown. Daí nasceu a necessidade de criar parcerias. Com a Mara tinha já alguns pontos em comum, no teatro e mais especificamente no palhaço. Acabamos por apresentar um espectáculo, curiosamente na 1ª edição do Festival de Rua da Póvoa de Varzim. Hoje somos a pele de dois palhaços a viver o Clown e a vida em conjunto.

A.V.P. – O espectáculo de Rua tem um guião que pode mudar consoante o público?
F.C. – A rua é um propósito aliciante, porque nunca é igual, nem o público nem a rua. Logo, o espectáculo também nunca é o mesmo. Está sempre em mutação. Essa facilidade de nunca estar encerrado ou pré definido, havendo sempre alguma coisa que pode mudar num repente, acaba por ser o grande aliciante do espectáculo de rua.

A.V.P. – Como define o espectáculo que apresenta?
F.C. – Tem a ver com a liberdade criativa e com a nossa liberdade, em termos de projecção do palhaço em si. A possibilidade de falhar está sempre presente mas, às vezes, basta uma respiração, um sinal do público, para termos a noção perfeita do que vai suceder. Eu parto a loiça, mas a Mara vai aos cacos e quebra-os ainda mais. É nesta loucura cheia de seriedade que se fazem muitos dos nossos espectáculos.

A.V.P. – Direccionam-se mais para os festivais ou abraçam qualquer público?
F.C. – Qualquer espectáculo, feito com qualidade e acima de tudo com profissionalismo, consegue vencer. Insistimos em promover a liberdade criativa sem olhar ao palco. Reconheço que o prémio abriu-nos muitas portas. O Festival de Animação de Rua da Póvoa de Varzim tem já alguma dimensão. Se a autarquia acreditar, pode ainda crescer mais.

A.V.P. – A formação é uma preciosa ajuda ao nível do espectáculo?
F.C. – Sem dúvida. Já trabalhamos com gente italiana, francesa e argentina. A formação é muito importante. No Clown, não basta parecer palhaço, tens que ser o palhaço, há técnicas que é preciso aprender. A escola italiana é alegre, já a francesa é mais mimo, agora pretendemos conhecer melhor o Clown anglo-saxónico.

A.V.P. – Pretende voltar a fazer teatro?
F.C. – Mesmo fascinado pelo espectáculo de rua, penso ainda no teatro. Aí comecei e espero em breve voltar ao palco com textos onde a alegria esteja presente. É na comédia que me identifico. No futuro posso representar outros papéis, mas neste momento quero estar onde me sinto bem e tenho crescido como actor. O humor continua a ser uma arma.

(in A Voz da Póvoa)

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